Vou parar de fazer promessas aqui no blog. Já é difícil postar com regularidade, colocando muitas limitações então… Disse que ia tentar fazer uma maratona de reviews de filmes do Jackie Chan, mas já vejo que será impossível cumprir o combinado do jeito que imaginava. Espero ainda fazer alguns combos como fiz no último texto e comentar vários filmes dele de uma vez. Aqui vai uma dobradinha com o Benny “The Jet” Urquidez, querido por muitos fãs por ser um dos antagonistas mais famosos da filmografia do Jackie e por participar de uma das melhores lutas mano a mano (sem props ou firulas) em um filme de artes marciais em Detonando em Barcelona, um clássico da sessão Kickboxer da Band, .
Urquidez foi um lutador profissional e assim como Don “The Dragon” Wilson e Bill ‘Superfoot’ Wallace, se consagrou como atleta para depois “apanhar” de galãs de Hollywood. Teve uma longa carreira de vitórias no kickboxing com um quadro de 49 vitórias, um empate e uma derrota em quase vinte anos de esporte (para mim uma luta justa e honrada é aquela em que se luta de pé e se o oponente cai você espera ele se levantar, sem esse agarra-agarra e murro com o fulano no chão de UFC, enfim…).
Além dos filmes com Jackie, Benny participou como coordenador de ação e dublê de Street Fighter (1994), Roadhouse (1988) e filmes com o John Cusack, um de seus aprendizes de longa data. Jackie ficou sabendo de Urquidez depois que o lutador americano com descendência espanhola fez barulho em Tóquio ganhando de Katsuyuki Suzuki em 1977. Alguns anos depois, Jackie decide parar de filmar em Hong Kong porque estava cada vez mais difícil filmar em locação na cidade e procura projetos em outros países. Assim nasce Detonando em Barcelona.
Título Original – HK: Kuai Can Che (USA: Wheels on Meals, BR: Detonando em Barcelona)
Talvez este não seja um dos melhores filmes de Jackie como um todo mas com certeza é um dos mais importantes por contemporizar as tramas, trazendo atores e locações estrangeiros para uma produção da Golden Harvest (que já tinha tentando emplacar Jackie nos EUA duas vezes sem sucesso). A maioria das cenas do filme giram em torno das piadas e não da ação ou situações de risco como no filme anterior, Projeto China. Isso talvez por influência de Sammo Hung, que dirigiu o amigo pela segunda vez depois da comédia Winners & Sinners (que ainda preciso conferir) e trouxe desse filme quase todo seu elenco, os Lucky Stars. Eles participam das cenas no hospício onde o pai de Yuen Biao está internado. Os diálogos são bem bobinhos e os loucos parecem saídos de um livro de de piadas do Ari Toledo. E não adianta tentar ir pelo roteirista (na maioria das vezes é o próprio Jackie ou Sammo o responsável pelo roteiro). Edward Tang é o maior colaborar de Jackie nessa área e tem erros e acertos. O trabalho deles também parecia ser bem colaborativo na hora de construir um filme, incluindo aí até os dublês. Então não duvido que muita coisa fosse decidida no set.
E em Detonando em Barcelona revi minha “querida” Lola Farner. Eu reclamei dela em Armadura de Deus, mas aqui ela consegue ser muito pior. Seu personagem é uma daquelas tentativas de fazer personagens femininos fortes em filmes de ação, mas que enrosca numa tonelada de clichês (“semi” prostituta, ladra com bom coração, usa a beleza como artifício, precisa ser resgatada…) e que finalmente está mudando no cenário atual. O triângulo amoroso do filme é bem infantil mesmo quando o assunto é sexo, ou seja a suposta profissão da moça. O estranho é que de alguma maneira esse tipo de situação, com Jackie se atrapalhando com mulheres, virou uma constante dentro da filmografia dele até chegar níveis estratosféricos como em Operação Condor (1992) e Mr. Nice Guy com o ator tendo que “tomar conta” de três moças ao mesmo tempo… Isso porque Hong Kong tem vários exemplos de filmes com mulheres de fibra e exímias artistas marciais como Michelle Yeoh e Maggie Cheung. Elas participam dos filmes de Jackie, mas não como interesse amoroso. Estou tentando puxar da cabeça aqui alguma referência em que ambos personagens dentro de um casal saibam lutar além de Heroes of the East. Até em Come Drink With Me parecia que só podia ser uma coisa ou outra…
Por enquanto só detonei o filme, mas as melhores cenas podem ser familiares até para quem nunca viu o filme. Ver Jackie e Yuen treinando e dando manobras no skate é sensacional (feito que ele repetiria em City Hunter mas aí beirando o ridículo). Eu queria ter essa disposição em levantar minha bunda da cadeira. Sammo tem o personagem mais engraçado do filme e veria fácil um spin off com Moby, agora um detetive licenciado. E obviamente a luta final entre Benny e Jackie. Vou falar dela quando for comparar este embate com o final de Dragões Para Sempre na segunda parte.
Antes disso veja o excelente vídeo do Tony Zhu sobre o estilo de Jackie:
Leia a segunda parte aqui!
Cine Bigode 