Na onda do Indiana – Parte 3: As Minas do Rei Salomão (1985)

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Título Original: King Solomon’s Mine 

As Minas do Rei Salomão (1985)

Acontecem dez vezes mais coisas nesse filme do que em Tudo Por Uma Esmeralda, mas mesmo assim parece que não há muito o que falar dele. O filme é um mistura de Indiana Jones com Looney Tunes e anfetamina. Uma sequência de ação leva a outra até o fim do filme. Pode parecer interessante comentando assim por cima mas é bem cansativo. Como conseguiram o feito? Abusando de chroma-keys e cenários mambembes. E isso contribui um pouco para o filme ter uma cara um pouco mais pobre que seus concorrentes porque cenas de ação são obviamente mais caras do que cenas de dialogo e o orçamento é diluído entre elas. Mas o mais triste é que estava adorando o filme. O começo é muito criativo e engraçado, mas depois que Richard Chamberlain pula num avião com a Sharon Stone no comando lá pelo meio do filme você percebe que o negócio é uma montanha-russa.

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O filme dispensa apresentações e Stone e Chamberlain já estão juntos procurando o pai dela pela selva africana. Os dois acabam numa cidade comandada por John Rhys-Davies diretamente de Caçadores para interpretar um turco inescrupuloso de nome Dogati. Junto com ele no exercício do mal está o estupendo Hebert Lom, o inspetor Dreyfus dos filmes da Pantera Cor-de-rosa. Se tem uma coisa que não posso reclamar do filme é o elenco. Todo mundo dá tudo que tem nessa megaprodução para padrões Cannon Filmes. Lom interpreta um oficial alemão, o corornel Bockner, que está sempre se esnobando e chamando os habitantes do continente africano de selvagens e incultos. Seria impossível não odiar, mas os dois vilões são daquele tipo tão caricato e tapado que você acaba esquecendo que eles realmente apresentam alguma ameaça. Até uma cena de tortura vira comédia com Lom brigando com o pai de Stone porque o homem “quebra” todos seus chicotes durante o espancamento.

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Voltando a cidade que havia comentado a pouco, Stone é capturada por um dos capangas de Dogati e a confusão começa logo cedo. Ela consegue escapar (não espere uma donzela em perigo aqui também!) e entra na loja de um trambiqueiro chamado Kassam. Não vou descrever tudo mas o ator Shaike Ophir rouba a cena num daqueles personagens que é maltratado pelo protagonista para revelar alguma informação e aqui ele é cheio de tiques e tiradas. A dinâmica entre os dois protagonistas e ele é muito engraçada. Pelo menos pra mim. Adora um pastelão. A morte de Kassam é das mais estúpidas e digna de Hortelino Troca Letras: quando Stone e Chamberlain estão rendidos sob a mira dos vilões, Kassam levanta uma banana de dinamite acessa que e grita: “Achei!” para depois explodir. Lom e Rhys-Davies saem voando do prédio. Nosso casal de heróis levanta dos escombros, limpa a poeira e vai embora. Eu sinto falta dessa inocência em alguns filmes hoje em dia. Se for para escolher sou do time da Marvel. Esse negócio de filmes de heróis e aventuras “sombrios” não são minha praia. Cadê os filmes de subúrbio e vizinhos canibais?

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The Burbs (1989)

A próxima sequência de ação acontece num trem e também é divertida. Com direito ao Richard Chamberlain fazendo os nazistas de tonto com uma corneta depois de entrar num vagão cheio de soldados, se arrastando pelos trilhos do trem segurando uma corrente. Antes de subir ele ainda fica de pé, num esporte que aprendeu com Chuck Norris, um ski aquático em que você substitui a água por pedra e trilhos de trem. Mas não vou detalhar aqui todas as proezas dos dois aventureiros porque são muitas mas incluem: se pendurar numa asa de avião, escapar de canibais rolando dentro do caldeirão morro abaixo e participar de uma guerra entre tribos africanas. A cena em que encontram um povo que vive de cabeça para baixo (e a explicação para esse comportamento) e um daqueles momentos… Preciso encontrar um termo pra isso. Escola Alternativa de Cinema. Acho um bom nome. Já que hoje em dia é mais comum doutrinar através das ideias mais absurdas, nada melhor do que dar espaço no cinema para quem acha que Syd Field é um velho chato.

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Nem preciso dizer que o filme é um desfile de estereótipos e racismo. Mas o filme é tão infantil (no bom sentido) que é difícil que alguém acredite em qualquer coisa que está acontecendo na tela, então até dá pra perdoar tantos absurdos. Já no fim, depois que quase todos os extras e figurantes já morreram, Allan Quatermain, Jesse Huston, Dogati, Coronel Buckener e Gagoola (o vilão tribal) finalmente chegam a mina para se deparar com mais perigos como armadilhas, buracos cheios de lava e uma aranha gigante. Rhys-Davies morre umas três vezes. Até que nossos heróis conseguem sair com vida e com alguns diamantes escondidos na roupa. Nada de saquinhos de bolinhas de gude aqui (como em Goonies). Adultos guardam seus diamantes em sutiãs e cuecas.

Veredito

Pontos Fortes:

  • As personagens fortes de Kathleen Turner e Sharon Stone
  • Os dois filmes são mais engraçados do que eu esperava.
  • Não gosto muito do Michael Douglas em Esmeralda mas tirando ele não há nenhum ator nos dois filme que não está dando o sangue no meio de tantas emoções.

Pontos Fracos:

  • Muita romance em um; muita correria em outro.
  • Uma trama bem amarrada é luxo.
  • Duas trilhas sonoras sem nada que me chamou a atenção.

Último Pitaco:

  • Se os dois filmes fossem mais equilibrados, com Tudo Por uma Esmeralda com um pouco da criatividade e ação de As Minas do Rei Salomão e este com o bom senso e roteiro com começo, meio e fim do anterior, teríamos dois filmes bem melhores.
  • Depois de ver os dois filmes, fiquei com mais vontade de ver a sequência do filme da Cannon, A Cidade do Ouro Perdido, do que A Jóia do Nilo, só porque sei que a loucura não terá limites.

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